29/09/2005
Fábio Comparato: “Congresso está descolado da realidade”
O jurista Fábio Konder Comparato, medalha Ruy Barbosa do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), alertou hoje (29) para o fato de o Congresso Nacional estar inteiramente descolado da realidade. “A Casa vive, agora, num mundo à parte, até o momento em que acordar com um estampido, que é a revolta do povo contra essa fraude generalizada”, afirmou Comparato, em referência à vitória do deputado Aldo Rebelo (PCdoB) para a Presidência da Câmara dos Deputados.
Com relação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Comparato disse que não imaginava que ele fosse revelar tanta incapacidade para governar dentro de uma linha de Justiça. “De modo que os antigos é que tinham razão: é o poder que revela o caráter das pessoas”, criticou.
A afirmação foi feita pelo jurista durante entrevista concedida na XIX Conferência Nacional dos Advogados, que será encerrada no dia de hoje. O evento teve início no último dia 25 e reuniu cerca de três mil advogados, juízes e membros dos três poderes na capital catarinenses para o debate do tema “República, Poder e Cidadania”. A Conferência foi realizada no Centro de Convenções Centro Sul.
A seguir, a íntegra da entrevista concedida pelo jurista Fábio Konder Comparato:
P – Professor Comparato, como o senhor analisa essa decisão do Congresso, a eleição de Aldo Rebelo (PCdoB-SP), compra de votos, enfim, era isso que o senhor esperava do Congresso?
R – Evidentemente que não. Mas de qualquer maneira, o Congresso Nacional está inteiramente descolado da realidade. A Casa vive, agora, num mundo à parte, até o momento em que acordar com um estampido, que é a revolta do povo contra essa fraude generalizada.
P – Em relação ao presidente Lula, o senhor que o conhece há muito tempo, imaginava que no governo dele poderíamos enfrentar uma situação tão constrangedora?
R – Eu não imaginava que ele fosse revelar tanta incapacidade para governar numa linha de Justiça e, sobretudo, de comportamento ético e exemplar. De modo que os antigos é que tinham razão: é o poder que revela o caráter das pessoas.
P – Pela sua longa experiência de vida e como constitucionalista, esse é o pior momento na história política do Brasil ou já tivemos coisa pior?
R – Não, já tivemos piores, mas nós temos que aproveitar esse momento delicado para introduzir na nossa organização constitucional a soberania popular ativa, isto é, o poder do povo para resolver os graves problemas nacionais, de forma direta, sem intermediação de representantesAssessoria de Comunicação da OAB/SC



