“Aos poucos fui tomando consciência de que, como um jurista, eu era e deveria ser um cientista social por definição legal. Mas não se ensinava isso nos cursos jurídicos. Fui fazer uma palestra em Blumenau sobre a experiência de reconciliar casais e falei para os estudantes da primeira turma de Direito da Furb jamais esquecerem que um jurista é um cientista social. E têm de trazer essa experiência para suas vidas de juristas.” A declaração é do advogado José Alberto Barbosa, de 80 anos, e com cinco décadas de profissão, durante o encontro ´Papo de Colega´, promovido pelo presidente da OAB/SC, Rafael Horn, nesta quarta-feira (13), em Jaraguá do Sul.
Ao compartilhar suas vivências profissionais, Barbosa recordou também os tempos de recém-formado, em 1967, quando começou a trabalhar em Rio do Sul e, em seguida, fez concurso para promotor de Justiça. “Naquela época, o promotor de Justiça podia advogar em todas as causas que não tivesse impedimento. Eu era advogado e promotor-adjunto. Atuava nas férias e na ausência do promotor”, relembrou o advogado, que ao exercer as atividades profissionais nas cidades vizinhas da região se locomovia de trem e ônibus.
Como conselho para a classe, o presidente da Seccional questionou o decano sobre o crescente número de advogados. Barbosa disse que vê com bons olhos o interesse pelo estudo do Direito. “O mundo será melhor na medida em que o povo na sua mentalidade estudar mais o Direito. Quanto mais cultura jurídica no povo, mais igualitarismo teremos, mais respeito. Quando há poucos advogados em uma comunidade em proporção de população, há um prejuízo de representatividade, de defesa. A sociedade precisa de uma boa quantidade de advogados”, opinou Barbosa.
A mais jovem
Em seguida, o presidente da OAB/SC visitou a jovem advogada Jucelói da Guia de Freitas, de 25 anos, que recebeu sua carteira profissional há menos de dois meses. Para ela, a instituição pode fortalecer a classe com a oferta de mais cursos e incentivo aos profissionais para explorar novos segmentos dentro da profissão. Isso porque, segundo ela, os recém-formados sentem necessidade de apoio nessa fase inicial da carreira por falta de bagagem profissional. “Eu não teria coragem de montar meu próprio escritório sem uma base sólida. E muitas vezes quando entramos na faculdade imaginamos que vamos terminar o curso e já começar a ganhar dinheiro com o próprio escritório”, compartilhou ela.
Horn agradeceu a jovem advogada pelo relato e destacou que a OAB/SC está aberta para receber os novos profissionais, ouvir sugestões e críticas para melhorar cada vez mais o plano de gestão institucional e impactar positivamente a classe. “Podemos oferecer capacitações para formar uma boa base da advocacia no Estado e passar a exportar profissionais de qualidade para outras regiões do país, onde haja carência de advogados em novos nichos de mercado. A vantagem dos recém-formados é a facilidade de perceber e entender as oportunidades e as necessidades que surgem no Direito, explorando mais a profissão, como o meio digital, compliance, arbitragem, internacional. Todos os Direitos específicos que ainda não estão ocupados”, declarou o presidente da Seccional, encorajando a jovem advocacia.
Acompanharam o 'Papo de Colega' o presidente da Subseção de Jaraguá do Sul, Gustavo Pacher, a presidente da Caasc, Claudia Prudêncio e a secretária-adjunta da OAB/SC, Luciane Mortari.
Projeto
“Para entender a realidade da subseção e alcançar a informação fora do sistema OAB, estamos de volta na estrada, nos aproximando ainda mais da base”, enfatizou o presidente da Seccional. O encontro ‘Papo de Colega’ é um trabalho que valoriza a advocacia interiorana do Estado e passa a ser cada vez mais reconhecido como um meio de conexão entre instituição e advogados que vivenciam fases distintas da profissão.
Assessoria de Comunicação da OAB/SC