Cerca de 100 advogados estiveram na praça em frente ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ/SC) na manhã desta quarta-feira (5) para desagravar publicamente o advogado Fernando Emílio Tiesca, de São Miguel do Oeste, que teve a palavra cassada durante um julgamento em Chapecó há três anos.
De microfone na mão e acompanhado de diretores e conselheiros estaduais, o presidente da OAB/SC, Tullo Cavallazzi Filho, iniciou o desagravo explicando que “esse tipo de conduta é exceção, não a regra, já que o relacionamento entre os advogados e o Tribunal de Justiça é marcado pela cordialidade e respeito mútuo”.
Ao fazer referência ao magistrado que impediu o advogado de se manifestar, lembrou o Estatuto da Advocacia, que destaca a inexistência de hierarquia entre juizes e advogados, além de garantir aos últimos o direito à palavra durante um julgamento. “A afronta à dignidade do homem e de um profissional é impossível de ser reparada, mas a busca pela justiça do que aconteceu é capaz de amenizar situações semelhantes e futuras. O desagravo é fato simbólico, um remédio civilizado sem excesso”, disse, lembrando que o protesto é “dirigido ao magistrado e não ao Poder Judiciário”.
Para o Diretor Tesoureiro Luiz Mário Bratti, “os juízes catarinenses são cordiais e tratam os advogados com urbanidade. Esse tipo de situação é exceção e exatamente por este motivo a OAB precisa estar presente”. O vice-presidente Marcus Antônio Luiz da Silva disse que “não se trata de julgar a Justiça catarinense” e que “a OAB/SC respeita a história da magistratura no estado, mas não compactua com o ato isolado de um desembargador que no exercício da sua função agravou o exercício da função do advogado”.
Os fatos ocorreram em 2011, enquanto Tiesca defendia recurso de um cliente na Câmara Especial de Chapecó. Durante o julgamento, o desembargador negou o pedido dele, alegando que os autos não traziam prova da sentença da primeira instância - o que foi contestado por Tiesca e pelo relator Eduardo Gallo Júnior, que quis, inclusive, ler a passagem de seu voto em que registrava a sentença. Irritado e aos gritos, ele negou o pedido do colega e não aceitou os argumentos de Tiesca, encerrando a sessão.
Três anos depois, Tiesca não fala mais sobre o assunto e chama o fato desagradável, repugnante e vexatório. Em 23 anos de advocacia, diz nunca ter vivenciado situação semelhante. “Só levei isso adiante por causa do caráter pedagógico que ele pode vir a ter e para que não se repita. Sou apenas mais um soldado em busca do cumprimento de suas prerrogativas. Todos os operadores do Direito merecem seu devido respeito”, disse.
Assessoria de Comunicação da OAB/SC