A Comissão da Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Santa Catarina manifesta-se nessa simbólica data no sentido de que significativa parcela do movimento negro decidiu que o dia 20 de novembro é o verdadeiro dia da Consciência Negra e que o 13 de maio deve ser lembrado, respeitado, porém explicado como uma tentativa da monarquia da época de amenizar suas dificuldades elitistas e tentativas de manter-se no poder, submetendo o sofrimento negro a um mero instrumento normativo. Acreditar que a Lei que aboliu a escravidão no Brasil de maneira formal, a fez também na sua materialidade é avançar na contramão da história. Nossas diferenças não advêm somente dos problemas étnico-raciais, ou das questões de gênero ou até mesmo de orientação sexual. Não vêm somente daquilo que chamamos de questões identitárias. Nossas diferenças têm uma raiz em comum que é a questão das classes sociais. Há um ódio intrínseco na humanidade em relação aos menos privilegiados. Criou-se ao longo da história uma tipologia em que se padronizou o ser perfeito e superior, permitindo entender as razões de minorias sociais serem tão perseguidas no cotidiano.
A Ordem dos Advogados do Brasil – OAB tem, ao longo dos anos, resgatado a verdade acerca da escravidão no Brasil, associada aos pesquisadores que buscam as evidências verídicas dessa passagem vergonhosa e duradoura da nossa história, afinal de contas, faz apenas 134 anos que uma Lei tentou acabar com a escravidão nesse país. Trabalho corajoso que as Seccionais da OAB fazem através de suas Comissões de Igualdade Racial, resgatando a história de símbolos da resistência negra, como é o caso de Luiz Gama, advogado e patrono da abolição da escravidão no Brasil, e Esperança Garcia, considerada a primeira mulher advogada do Brasil.
É a partir dessas iniciativas que poderemos fazer com que negros e negras possam cada vez mais ganhar autoestima e tentar fazer com que ocupem seus verdadeiros locais e papéis sociais. Assim faremos com que o projeto político e social desse país não se resuma a estender corpos negros pelos chãos das favelas e comunidades. Que não nos resumamos a corpos subalternos e que ocupam postos de trabalho subalternos.
Apesar dos reveses, devemos continuar firmes e com amor, inteligência, paciência, sem ódio, sem mágoas e sem sentimento de vingança, continuar a escrever a história da nossa raça como se cada dia fosse o dia seguinte, o que, verdadeiramente, o é. É tempo de UBUNTU: uma sociedade sustentada pelos pilares do respeito e da solidariedade. Vivamos o Nós!
Assessoria de Comunicação da OAB/SC