João Leonel Machado Pereira chegou aos 46 anos de advocacia como um profissional com entusiasmo de iniciante. Ao conversar, ele olha fundo nos olhos, pega no braço, enfatiza as palavras de uma forma incisiva e, sem arrogância, compartilha as mais diversas situações vivenciadas em sua experiência. Falar aos mais novos é o que lhe dá prazer. A última palestra do Mês do Advogado da Seccional será dele, na próxima quarta-feira (27), às 19 horas: “Os segredos da advocacia” (inscrições neste link). Leonel é presidente do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB/SC.
“Vou mostrar como agir na primeira consulta ao cliente e como propor uma ação. Falaremos muito sobre ética, honorários e independência profissional, e também como reagir em todo tipo de situação envolvendo juízes e promotores. O advogado tem que ter vocação, amar o que faz e vibrar a cada vitória. E temos que defender aquele que tem direito”, antecipa.
Leonel gosta de dar exemplos. Lembra de um caso recente vivenciado no TED, envolvendo uma mulher que entrou com representação contra uma advogada pela má condução de uma ação pela transferência do marido, detido na Penitenciária de Tremembé, em São Paulo, para Florianópolis. “Era uma mulher humilde, que trabalhava como gari, mas que fez uma sustentação oral impressionante. Era algo muito importante para ela, que queria poder visitar o marido e não distanciá-lo dos filhos. A fala dela na tribuna, na frente de todos aqueles advogados, não a intimidou. Se a vida tivesse lhe dado oportunidade, teria sido uma excelente advogada”. A profissional representada recebeu suspensão de 30 dias.
A ética é, para ele, um tema caro. Já em 1978, eleito conselheiro seccional, foi presidir a Comissão de Ética e Disciplina da OAB/SC. “Jamais fiz concessão para advogado que se apropriava de dinheiro. Tem que punir. Dei aula para milhares de pessoas e quero moralizar a profissão”. Quando foi convidado pelo presidente da OAB/SC, Tullo Cavallazzi Filho, a assumir a presidência do TED, chorou. “Foi um reconhecimento”.
Modernidade
As famílias Machado e Pereira já eram conhecidas na capital quando Leonel era estudante. “Isso me abriu muitas portas”, lembra ele, que não cresceu entre advogados. Era uma família de comerciantes. Mas sua esposa e seu filho são advogados. “Hoje é completamente diferente de quando comecei. Naquele tempo as ações duravam dois anos. Hoje a demora é muito maior, e por isso os advogados precisam de um respaldo financeiro no início da carreira, até começarem a receber seus honorários. Além disso, os juízes estão sobrecarregados. Se antes cada juiz cuidava de uns 500 processos, hoje respondem por mais de seis mil. São escravos, que trabalham sábado e domingo e não dão conta”.
Não é muito afeito a tecnologias. Em vez do Google, recorre aos livros, mas não despreza o conhecimento que a internet oferece. “Éramos analfabetos naquele tempo, se comparados com os advogados de hoje, que têm internet e acesso muito mais fácil às informações”.
A palestra é promovida pela Escola Superior de Advocacia.
Assessoria de Comunicação da OAB/SC